Veja as 10 ações do Ibovespa que mais se valorizaram em novembro

No melhor mês de novembro desde 2020, otimismo em relação à bolsa brasileira ajuda a acelerar recuperação de papéis penalizados por alta do ciclo de juros O melhor mês de novembro desde 2020. O Ibovespa não teve do que reclamar no penúltimo mês de 2023. Ok, a volatilidade pode ter dado as caras de maneira mais exacerbada dia ou outro, mas no geral, quem entrou neste mercado emergente surfou bem. E, olha, foi bastante gente: superávit de R$ 18 bilhões no mês de novembro (até o dia 28). A justificativa para atrair tantos tubarões, especialmente os americanos, esteve, principalmente em dois fatores. Segundo Rilton Brum, gerente de renda variável da RJ+ Investimentos, "os índices de inflação aqui e lá fora influenciam a visão do investidor para tomar risco na renda variável. Isso sempre aconteceu. Mas agora vimos a inflação americana abaixo do esperado e a curva de juros futura começando a fechar, o que trouxe um fluxo importante para a bolsa brasileira", comenta. “Além disso,t eve muita gente já aplicando a máxima “compre no Natal e venda no carnaval, demonstrando que bons papéis são sempre bons papéis”, complementa Brum. Rodney Ribeiro, economista na WIT Invest nota que, comparado aos últimos 3 meses, a bolsa vem se recuperando gradativamente, o que demonstra o otimismo do mercado na busca pela máxima histórica. “O volume de aportes corrobora a expectativa do mercado de possivelmente atingirmos marcas históricas de crescimento”, diz. Com o otimismo em relação à bolsa brasileira, o retrato das 10 ações com melhores desempenhos no principal índice acionário mostra, preponderantemente, uma variedade de papéis que têm em comum a influência de commodities e ativos descontados. Veja os detalhes abaixo. Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) Brum, da RJ+ Investimentos comenta que 2023 foi um ano em que vários setores passaram por discrepâncias no desempenho das suas ações. E os frigoríficos estão nessa lista. Os papéis da Marfrig, com valorização 50,46% (R$ 9,72), estavam muito descontados em relação aos pares. Logo, parte dos ganhos tem a ver com essa correção. O especialista nota que as ações da companhia ainda passam por um período de volatilidade com os investidores digerindo a notícia de aumento da sua dívida por conta da negociação de ativos com a Minerva (o anúncio, é claro, também gerou o mesmo efeito para a segunda companhia). A venda 40% das operações de carne bovina da Marfrig na América do Sul para a Minerva deverá gerar valor significativo, na avaliação do Bank Of America (BofA), que elevou a classificação de risco das ações da Marfrig de neutro para compra. Ainda no setor, a BRF avançou 37,39%, a R$ 14,66. Rodney Ribeiro, economista na WIT Invest elenca como sustentadores dos ganhos a perspectiva de melhoria dos seus resultados, diante da queda no preço de grãos, do cenário do agronegócio brasileiro, e da redução de estoques de proteína no cenário global. “ O que acontecia é que tínhamos muito estoque de frango e isso também vem entrando na normalidade, o que torna o negócio atrativo, por conta da demanda internacional”, explica. Em sua avaliação, a empresa também se destaca pela melhora da alavancagem, mesmo ainda apresentando números expressivos nella, o que contribiu para a entrega de resultados melhores, ainda que mediano, no 3º trimestre. As 10 ações do Ibovespa que mais se valorizaram em novembro de 2023 CSN Siderurgia Nacional (CSNA3) e CSN Mineração ( CMIN3) Com o minério de ferro atingindo os maiores patamares de preço em 17 meses ao longo de novembro, as companhias de siderurgia avançaram em bloco, sendo mais um exemplo de setor com ativos negociados a preços descontados. Dentre estas, a CSN Siderurgia Nacional (CSNA3) avançou 46,31% (R$ 16,42) e CSN Mineração (CMIN3) 43,23% (R$ 7,16). Especificamente sobre CSN, Frederico Nobre, líder da área de análise da Warren Investimentos, comenta que a empresa apresentou resultados um pouco melhor do que o esperado pelo mercado no 3º trimestre. A melhora de perspectivas envolvendo o maior consumidor de minério de ferro do mundo também contou para a tomada de decisão dos investidores. “Há uma discussão acontecendo em relação à tarifa do aço importado pela China e o tema gerou um lobby muito forte da indústria aqui no Brasil. Isso ajudou a ampliar o rali dos papéis que estavam descontados. Mas temos os papéis com recomendação neutra ”. Como a China continua produzindo muito aço, e para isso precisa de muito minério de ferro, sua principal matéria prima, tantos os analistas do Bank of America (BofA) mantém avaliações otimistas em relação à CSN Siderurgia Nacional (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3). Em relação a CSN Mineração (CMIN3), Gabriel Mota, assessor de renda variável da Manchester Investimentos, lembra que desde seu IPO (oferta pública de ações), as ações foram "esmagadas" pelo mercado diante de todo o fluxo de alta de juros e saída de investidores da bolsa. E mesmo sendo uma empresa conceituada e com uma listagem esperada, o papel sofreu muito. Com esse cenário no pano de fundo, o papel vem apresentado recuperação e em novembro avançou tanto pelos ganhos trazidos pelo minério de ferro quanto pelos números robustos reportados no último balanço. "Foi um aumento muito expressivo no lucro líquido, mostrando melhor volume de vendas e melhor preço médio da negociação do minério de ferro. Isso já impulsionou o ativo. A empresa também distribuiu dividendos, em nível com am aior empresa de mineração do Brasil, a Vale, numa clara demonstração que está gerando caixa, o que sempre impulsiona uma empresa", resume Mota. Azul (AZUL4) Ainda em relação a empresas influenciadas por commodities, a Azul se destacou em novembro no Ibovespa com ganhos de 31,13% (R$ 16,89). Brum, da RJ+ Investimentos, aponta que apesar do recente rali envolvendo o petróleo - o que afeta o preço da querosene usada na aviação - a companhia teve uma forte demanda por voos (12%) e conseguiu repassar os preços aos consumidores (a empresa divulgou receita líquida recorde no 3º trimestre). “Foi um papel que também conseguiu driblar as discussões do projeto proposto pelo governo federal que visa limitar os preços das passagens”, diz. O especialista lembra, no entanto, que entre os analistas do mercado, não há um consenso em relação ao preço-alvo para a ação. Magazine Luiza (MGLU3), Lojas Renner (LREN3) No bloco de ações ligadas, essencialmente, à economia doméstica, o Magazine Luiza (MGLU3) teve valorização de 51,88% (R$ 2,02), liderando os ganhos do Ibovespa no período. “Não há nada de novo nos fundamentos específicos da empresa que justifiquem tal variação. A valorização se deve, muito mais, pela queda acentuada vista no varejo como um todo, mas especialmente no varejo de departamento, e pelo processo de correção que os papéis começam a passar. Com o movimento da Selic, a empresa também deu uma respirada”, resume Nobre, da Warren Investimentos. O especialista explica que mesmo com a leve melhora nos resultados do 3º trimestre, a casa mantém cautela para as ações, que continuam passando por muita volatilidade dentro de um setor que também está mexido. Entre as varejistas de vestuário, as ações de Lojas Renner (LREN3) foram as únicas a despontar, com ganhos de 33,52% (R$ 16,37). A companhia teve queda de 33% no lucro líquido em relação ao mesmo período de 2022, mas aumento das vendas realizadas em setembro. Na visão do BTG Pactual, a empresa passa por um período de concorrência acirrada e inadimplência elevada. No entanto, apesar do “ventos contrários, o banco tem expectativa de que a empresa apresente maior produtividade das lojas em meio a um cenário mais difícil de expandir a área de vendas. Em seu mais recente relatório, o BTG Pactual passou a recomendar a compra das ações. Totvs (TOTS3) Com os ganhos de 31,61% (R$ 33,31) em novembro, a WIT lembra que a valorização da Totvs é de mais de 280% desde 2019, quando entrou na bolsa. Mesmo passando por cenários desafiadores da economia, a casa considera que a companhia vem demonstrando consistência nos seus números - no 3º trimestre foram acima das projeções - e uma administração ativa, com a melhoria na redução de custos e despesas. “A empresa do segmento de Tecnologia também mostra resiliência no segmento, na busca de outros mercados, como ao juntar-se ao Itaú para atuar no segmento de distribuição de serviços financeiros integrados ao sistema que já possui”, observa Ribeiro. Cogna (COGN3) No setor de educação, o maior grupo educacional do Brasil teve ganhos de 34,58% (R$ 3,23) no Ibovespa. Ribeiro, da WIT pontua os resultados do 3º trimestre como fator de peso. “Desde o começo doa no, há uma redução significativa do prejuízo da empresa, o que demonstra uma gestão financeira equilibrada. A geração de caixa tem sido forte, o que contribui positivamente para o desempenho financeiro da empresa no curto e médio prazo. Isso somado a projeções otimistas para 2024 por conta de contratos governamentais” resume. Natura (NTCO3) A relação das 10 ações de maiores valorizações em novembro fica completa com a Natura, cujo avanço foi de 29,33%, a 16,49%. Initial plugin text Mais Lidas Getty Images